1 de abril de 2008

Um ditator em xeque

As notícias ainda são desencontradas, mas podem estar chegando ao fim os dias de poder do presidente Robert Mugabe, que governa de uma forma progressivamente autocrática o Zimbabwe desde 1980, quando caiu o regime dominado pela minoria branca. Os resultados oficiais das eleições presidenciais do último sábado ainda não foram divulgados, mas levantamentos extra-oficiais mostram resultados que variam desde uma vitória no primeiro turno do principal candidato da oposição, Morgan Tsivangirai, do partido MDC, até um eventual 2º turno com Morgan em vantagem. Os resultados das eleições parlamentares ainda são parciais, mas mostram uma pequena vantagem da do partido do governo, o ZANU-PF, mas sem maioria absoluta.

A demora nos resultados está levantando temores de tentativas de fraude por parte do governo, o que não seria novidade, pois os resultados das eleições de 2002 foram amplamente contestados. Desde então, o pais vem enfrentando sanções internacionais combinadas com violência política interna. O resultado dessa combinação só fez agravar os problemas sociais e econômicos do país, que hoje enfrenta uma inflação de 100.000% ao ano e escassez de gêneros de primeira necessidade. Parte desses problemas também pode ser creditado às políticas do governo que tomou a maioria das terras que pertenciam à minoria branca e redistribuiu aos veteranos da guerra civil. Ao fazer isso, Mugabe procurou consolidar apoio popular e entre o exército, mas acabou levando à fuga de boa parte da população branca, o que desorganizou a economia.

Nesse momento, o país está em total expectativa pelos desdobramentos dos resultados eleitorais. Todos querem adivinhar qual será a reação de Mugabe e do exército, leal à ele. Desde uma fuga do presidente, pressionado interna e externamente, passando por um 2º turno eleitoral, e chegando até um golpe de estado, nada pode ser descartado. As próximas 24 ou 48 horas serão decisivas.

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